A Arte da Sofística
S o f í s t i c a
A A r t e
d e F i l o s o f a r
P r e l i m i n a r e s
Tendo como pano de fundo os Professores Protágoras, Górgias e Isócrates, Mestres Sofistas, os primeiros a desenvolver a Sofística nas regiões gregas da Antiguidade, séculos IV e V a.C., buscaremos aqui mostrar e demonstrar como se faz Filosofia, como fundamentar pontos de vista e pensamentos importantes, articular idéias novas e conhecimentos diferentes, sempre apresentando o modo filosófico de construir teorias, palavras e ideologias, a partir do Modelo Sofista, cujo conteúdo servirá de paradigma para a "A Arte de Filosofar". Assim de acordo com o exemplo da Sofística, conjunto de ideologias financiadas por capital, bancadas por reis, governadores e presidentes, de definições incertas e duvidosas, de princípios sem base científica, desvirtuadores do povo e alienadores da realidade, indeterministas até certo ponto e niilistas até demais. Deste modo, mostraremos aqui como se constrói o Filosofar tendo como raizes a Sofística, sua importância no dia a dia, e como é capaz de se tornar a base fundamental de teorias de toda espécie, ideologias diversas e pensamentos variados, que vão interferir nos destinos da sociedade, nos caminhos de comunidades inteiras e na vivência e prática de quase toda a humanidade. Portanto, a partir da Sofística, vamos Filosofar!
1 . A s R e g r a s
d o D i s c u r s o
O s g r a n d e s S o f i s t a s e s
e u s s e g u i d o r e s c o m o
G ó r g i a s , P r o t á g o r
a s e
I s ó c r a t e s , c o m o t
e m p o e s u a
p r á t i c a r e t ó r i c
a d e s e n v o l v e r a m a s
p r i n c i p a i s r e g r a
s d o
d i s c u r s o f e i t o c o m
p e r s u a s ã o , i n t e n ç
õ e s n e m
s e m p r e b e m d e f i n i d a s e i
n t e r e s s e s t a l v e z m a l
r e s o l v i d o s , p o i
s l u c r a v a m c o m
s e u c o m é r c i o d e
i d é i a s e i n t e r c â m b i o d e
p a l a v r a s , a p e l a n d
o p a r a u m a
a r g u m e n t a ç ã o q u e
m s a b e c h e i a
d e e r r o s e f
a l t a s , m a s q u e
p o s s u i a m a s a b e d o r i a d e
q u e m f a l a v a e m
p ú b l i c o , d i s c u r s a
v a c o m a p
r u d e n t e a r t i c u l a ç ã
o d a s l e t r a s , i m p u n h a m c a t e g o r i a s d e
p e n s a m e n t o q u e f a z i a m
d e s e u s p o n t o s
d e v i s t a p e s s o a i s d i g n o s
d e c r é d i t o p o r
p a r t e d o p o v o ,
d e c o n f i a n ç a q u a s e
a b s o l u t a e d e
f é q u a s e q u e
n e c e s s á r i a , a i n d
a q u e a s
e r v i ç o d e g o v e r n o s e l
í d e r e s , q u e l h e s
p a g a v a m p o r s u i a
i n d ú s t r i a d e s a b i d a s i d e o l o g i a s e p
o s s i v e l m e n t e s á b i a
s t e o r i a s , d e
p r i n c í p i o s r e l a t i
v o s e d e
v a l o r e s d e s c a r t á v
e i s . E m b o r a c o n f i á v e i s a p a r e n t e m e n t e m a n t i n h a m l e i s
d o d i s c u r s o q u e
o t o r n a v a m a p t o
a s e r a b s t r a i d o p e l o s
o u v i n t e s e a p
r e e n d i d o p o r s e u s
i n t e r l o c u t o r e s . N
o r m a s c o m o a r
e l a t i v i d a d e d a s i d é i a s , o i
n d e t e r m i n i s m o d a s p a l a v r a s e
o n i i l i s m o d a s
l e t r a s a s s i m c o m o
o c e t i c i s m o d e
s u a s a b o r d a g e n s c r e s c e r a m n o
m e i o p o p u l a r e f
i l o s ó f i c o c o m o f u n d a m e n t o s d e s c a r t á v e i s s e m
c h ã o n e m t e t o
s e m p o r t a s n e m
j a n e l a s c o n s t r u i n
d o u m a r e t ó r i c a c u j a
r a c i o n a l i d a d e f a z
i a a
a p o l o g i a d o s i n t e r e s s e s e m
j o g o t o d a v i a r e v e l a d o r e s d e
u m a l ó g i c a d i s c u r s i v a b a s t a n t e c o n f i á v e l . A s s i m
e r a m o s S o f i s t a s , a r t i c u l a d o r e s d a
S o f í s t i c a , a C i ê n c i a d a
L ó g i c a r e l a t i v i s t
a o n d e a s
p a l a v r a s s ã o i n c e r t a s e a
s i d é i a s d u v i d o s a s , p o r é m
c r e d i t a n d o f é e c
o n f i a n ç a p a r a s e u s
A u t o r e s . N a s c i a a s s i m
a I d e o l o g i a d a
I n s e g u r a n ç a p e s s o
a l , t a l o o
b j e t i v o d e s s e g r u p o
d e m e s t r e s s o f í s t i c o s .
2. Uma Lógica insegura
O Filosofar é uma maneira de ser
e de viver das pessoas, um modo de se comportar a partir de uma ideologia de
vida fundamentada em princípios firmes e sólidos e em valores geralmente
estáveis e permanentes, absolutos e necessários, um estilo de pensar e existir
no cotidiano segundo regras de uma racionalidade cujas raizes são o indeterminismo
dos acontecimentos, o lado cético de conceber a realidade, o modelo niilista de
tratar indivíduos e parceiros de estrada e companheiros de caminhada, o tipo de
vivência onde a instabilidade das palavras e a inconstância das idéias tornam a
existência descartável, o que confere à filosofia de vida e seu jeito novo e
diferente de viver uma articulação de pensamentos leves, de letras macias, de
palavras doces e idéias suaves, pois o filosofar deve ser manso e equilibrado,
bastante sensato, seguindo as raizes de um pensar transformado em canal de
saúde e bem-estar para quem faz dele sua norma de vida, o sentido do seu
cotidiano e o significado mais fundo e profundo de seu encontro com a realidade
de cada dia, noite e madrugada. É o que faziam os mestres sofistas e seus
seguidores. Porque da Sofística pode-se apreender o verdadeiro filosofar,
abstrair dela as técnicas de persuasão, as regras do discurso, os fundamentos
da argumentação bem feita e os princípios de uma retórica cujas raizes são a racionalidade
e sua relação com a realidade cotidiana, de onde se constrói o autêntico
filosofar de todos os dias, e de cada hora, minuto e segundo. Sim, os Sofistas
nos ensinaram a filosofia fácil, a linguagem do povo, o modo correto de
interpretar os fenômenos do dia a dia. Assim se constitui a filosofia original
propriamente dita, a filosofia pura, em que seu discurso é brando e manso,
suave como a música dos passarinhos, leve como as borboletas dos campos, doce
como o sonho da padaria e macio como o perfume das rosas vermelhas da
primavera. Eis o filosofar verdadeiro. Sua transparência vem da Sofística. Dela
nasce a boa interpretação insofismável ainda que a tradição filosófica
erroneamente atribua aos Sofistas uma falta de ética e espiritualidade que possuiam
a tendência de corromper seus discursos. Os Sofistas, ao contrário, os
verdadeiros filósofos.
3. A Instabilidade da
Argumentação
A História da Filosofia
Ocidental e Oriental tem nos ensinado, a partir dos Sofistas e seus alunos,
discípulos e seguidores espalhados pelo mundo afora, certamente, que se
precisamos para filosofar de princípios estáveis e valores permanentes
sustentadores do discurso filosófico igualmente esse trabalho processual de
produzir filosofia se faz por meio de retóricas inseguras e indefinidas, de
argumentos sem chão e sem fundamento algum, de raciocínios céticos e
indeterminados, de oratórias niilistas e vazias, frágeis e vacilantes, de uma
lógica descartável onde as idéias pulam e gritam por um discurso polivalente,
de múltiplas funções transitórias, de palavras provisórias e teorias e
ideologias cujos princípios, fontes e raizes são a relatividade das coisas, a
indeterminação dos fatos cotidianos e o vazio dos dizeres sem bases
psicológicas e sem sustentação segura ainda que suas raizes sejam absolutas e
seu mundo sustentador seja tranquilo e estável porque trabalha com pensamentos
necessários, categorias eternas e uma logística de origem bem consolidada com o
tempo e espaço filosóficos. Daí a instabilidade da persuasão sofista gerando
conferências duvidosas e inseguras e incertas todavia que refletem o modo de
fazer filosofia ontem e hoje. Tal o estilo criativo de desenvolver a atividade
filosófica. Esse o jeito dos filósofos filosofarem. De fato, a Sofística nos
faz abstrair dela o verdadeiro discurso da lógica e hermenêutica filosóficas.
Assim podemos filosofar com facilidade, naturalidade e tranquilidade. Grande
Protágoras de Abdera cuja Antropologia Social deu à humanidade o entendimento
da natureza humana e a compreensão de seus limites psicossociais, fronteiras
ambientais, outras maneiras de aceitar os homens e mulheres e seus problemas,
conflitos e dificuldades. A Sofística fez o homem ressurgir.
4. Uma Retórica sem fundamentos
Sofistas como Pródico,
Protágoras de Abdera, Antifonte, Trasímaco, Górgias, Hípias, Isócrates e
Crítias, de cultura relevante e polivalente, de mentalidade aberta, bastante
renovada e liberta de preconceitos o quanto possível, que ignorava superstições
religiosas e culturais, fugiam da violência local e regional, circulavam pelas
cidades com grande fama de persuadores, gente argumentadora de bons conteúdos
filosóficos, profissionais liberais, os primeiros advogados da história da
Grécia Antiga, mestres da retórica inteligente, pedagogos surpreendentes e
educadores de primeira, gigantes como professores ambulantes, enfim, os
produtores de um modo de filosofar original, construíam o saber de modo
surpreendente, inovando nas articulações de idéias e palavras, em uma atitude
em que sua ética não possuía fundamentos seguros, tranqüilos e estáveis,
todavia se firmava em um comportamento indeterminista e cético, incerto e
duvidoso, onde o vazio das teorias defendidas e o nada de seus pontos de vista
advogados pareciam carecer de uma ideologia substancial embora seus discursos
se misturavam com os conhecimentos dos pré-socráticos e de Sócrates, mais tarde
Platão e Aristóteles, e ainda os teóricos da filosofia oriental de povos
antigos como o Egito e a Mesopotâmia, a Fenícia e os Hebreus, os Caldeus e os
Babilônios, e outras nações da época, por volta dos séculos III, IV e V a.C.
Como observamos, os Sofistas trabalhavam não só por interesse ou distração, mas
igualmente por uma certa vocação para o filosofar, e com isso ganhavam dinheiro
para suas necessidades, adquiriam créditos sem fim junto a governos e
autoridades, sendo financiados por gente grande e gigante perante essas regiões
circunvizinhas. Assim eram os Sofistas. Deste modo surgiu a Sofística e esse
seu jeito novo e diferente de filosofar. Desde então, filosofia é algo fácil,
leve e natural, cujas idéias e pensamentos brotam de maneira criativa e
original, zelando pelo bom conteúdo filosófico, ainda que liberal na sua
exposição, inovador na sua produtividade, diferente na sua abordagem e
fundamental na sua fidelidade aos jeito lógico e coerente de os filósofos
trabalharem a própria filosofia. Criou-se então a Sofística. Creio eu, o
verdadeiro e autêntico filosofar, baseado em princípios fortes e valores firmes
porém soltos pelo ar, livres pra voar, inocentes sustentadores das indefinições
e indeterminações da racionalidade. Tal o modo transparente de fazer e produzir
filosofia.
5. A Dúvida construtora do
Pensamento
Quem sabe a dúvida e a incerteza
não foram artifícios sofistas em busca de uma melhor estratégia de discurso,
persuadindo seus ouvintes e interlocutores sobre as matérias discutidas,
argumentando em favor dos interesses de quem lhes pagavam bem para falar em
público. Assim os mestres da Sofística construiam um pensamento certo e
original e criativo, de conteúdo alegre e festivo, de retórica inteligente e
bem distribuida, inovando na conquista do seu povo, trazendo-o para as
intencionalidades mais obscuras, tendencialmente não transparentes, mas que
talvez fossem verdadeiras no seu ponto de vista e autênticas na sua visão da
realidade. Em suas viagens e movimentos permanentes, os professores
indeterministas criavam interpretações diversas e adversas, diferentes e
contrárias, sobre os variados assuntos e temas do dia a dia, de acordo com as razões
da sua clientela e freguesia, que lhes creditavam não só dinheiro ou capital
todavia inúmeros favores e grandes benefícios em prol da realização de suas
metas e objetivos e satisfação de seus anseios, desejos e necessidades,
aspirações que os Sofistas gostavam de dispor na consecução de seus resultados
de opiniões bem geridas e argumentos bem colocados. Deste modo, os pensamentos
se geravam, a defesa de seus clientes se operava, e sua advocacia se exercia
com autoridade, competência e legitimidade, pois os docentes da Sofística
tinham a idoneidade, a capacidade e a funcionalidade de que gozavam os
filósofos da época sobretudo Sócrates, Platão e Aristóteles. Com Protágoras de
Abdera, os Sofistas passaram a ser bem remunerados.
6. O Saber Indeterminável
Qualidades, virtudes e bons
sentimentos e atitudes não faltavam nos mestres da Sofística, que, em Pródico,
se refletiam na sua criatividade e originalidade de argumentos; em Hípias, a
solidez do discurso e a variabilidade de idéias e conhecimentos; em Górgias, a
coerência lógica e a persuasão dialética; em Antifonte, a firmeza dos
pensamentos junto com o seu poder cético de misturar teorias e desenvolver
ideologias diversas e adversas; em Isócrates, a beleza das formas e a riqueza
de conteúdo; em Tamasico, a construção positiva e o otimismo de uma retórica
feita de diferenças e contrários; em Crítias, a evolução das palavras bem
articuladas; e enfim em Protágoras de Abdera, a experiência do bom
comportamento capaz de gerar pensamentos que valiam grandes somas de capital.
Assim, os Professores Sofistas ganhavam fama nas cidades por onde passavam,
fazendo progredir a cultura das regiões, movimentando a economia ainda instável
e fortalecendo a política de grupos e comunidades interessados em poder e
imagem junto a seu povo. Cresciam então as atividades comerciais, o artesanato
e a música, as artes marciais e a luta livre, o culto religioso e a moral
descartável. Nesse mundo rico de mentalidades plurais, sobressaia a docência
sofista, desenvolvendo pois um novo e diferente estilo de filosofar, feito com
um jeito outro de abordar as matérias filosóficas sobretudo enfatizando os
fenômenos da realidade cotidiana, como por exemplo a política urbana e rural, a
vida social, as relações comerciais, o trabalho de cada dia, a vivência
familiar, o pagamento de taxas e impostos, a circulação da moeda e do dinheiro,
os debates em praça pública, o intercâmbio de opiniões, pontos de vista e
bate-papos nas esquinas das cidades; o troca-troca de idéias e pensamentos e
outras coisas mais. . Desta maneira,
progredia a vida dos cidadãos de Atenas e afins. Seus discursos não tinham uma
determinação rígida, austera e rigorosa. Ao contrário, tudo era indeterminável.
7. O Complexo das questões
indefiníveis
A Arte da Sofística ao nos ensinar
os fundamentos do verdadeiro filosofar nos mostrou que a filosofia é feita
dentro da realidade cotidiana embora seus temas e assuntos predominantes também
se façam fora dela nas categorias do ser, do existir e do pensar, nas
instâncias dos sentimentos mais profundos e das experiências éticas e
espirituais mais fecundas, nas realidades da vida de cada instante e na
sociedade em que estamos inseridos em suas esferas política e econômica, social
e cultural. Deste modo, nos ofereceu os princípios de um filosofar estável e
criativo, tranquilo e polivalente, consolidado com o tempo e seguro em suas
abordagens diversas, em suas interpretações céticas e niilistas, em sua visão
da realidade bastante indeterminista de indefinições constantes e de
instabilidades permanentes, porém sustentadas por uma riqueza de conteúdo onde
sobressaem a liberdade de expressão, a universalidade de idéias, a relatividade
do discurso, um jogo de palavras indefinível, sujeito às regras da
indeterminação, construido com a desconstrução da violência dos conceitos e a
agressividade das definições, um processo de criação em que os Sofistas
acreditavam na beleza das letras, na riqueza do conteúdo e na grandeza da arte
filosófica, para isso empreendendo trabalhos, esforços e empenhos em gerar um
estilo de filosofar muito aberto, renovador de argumentos e liberto das
tiranias dos preconceitos e das atitudes supersticiosas complicadoras do
discurso enquanto tal. Com efeito, surgiu um novo modo de abordar a filosofia
com pensamentos livres e soltos, idéias criativas e originais, argumentos
sólidos, firmes e fortes, e uma ação persuasiva bem fundamentada, dirigida por
valores constantes e regras estáveis mesmo que garantindo o desenvolver da
relatividade do discurso, do ceticismo das idéias, do niilismo das palavras e
do indeterminismo das questões e respostas levantadas. Nasceu pois um filosofar
novo e diferente, belo como a arte, simples como a filosofia, e rico como os
conteúdos desenvolvidos. É a arte de filosofar com a simplicidade de palavras
baseadas no discurso de um filosofar característico dos grandes mestres da
Sofística como Protágoras de Abdera, Górgias, Pródico, Hípias e Isócrates.
8. Nadar no Vazio das Idéias e
das palavras
Se pudéssemos definir a
Sofística, o que diríamos ? É a Arte da persuasão e do convencimento sob
argumentos vazios e nadantes, de idéias vacilantes e palavras instáveis,
descartáveis e insustentáveis, onde o discurso é transitório sem fundamentos
permanentes, de retórica solta no ar e livre para voar, liberta das amarras de
princípios absolutos e de valores necessários, permanecendo como que uma viagem
das letras que mergulha no oceano das palavras sem chão nem teto sem portas nem
janelas, livre para defender os interesses em jogo e advogar as
intencionalidades mais obscuras em troca de dinheiro ou de créditos diversos e
plurais, garantidores das necessidades e anseios de quem trabalha com a
argumentação dos pensamentos. Assim , os Sofistas circulavam pelas regiões
gregas e circunvizinhas desenvolvendo um outro jeito de filosofar, um novo modo
de abordar a filosofia, uma diferente maneira de fazer conteúdos filosóficos.
Dizem os especialistas, que se trata do verdadeiro filosofar, de princípios
orientadores da boa argumentação de idéias conectadas entre si e articuladas de
tal modo que possam cumprir seus objetivos de defender não a verdade mas os
interesses de seus credores financeiros, autoridades e governos constituidos,
como o pagamento de impostos por exemplo. Era o Reino dos Sofistas entre nós.
9. A Linguagem personalizada
A Grandeza da Sofística e o que
de bom mais a caracteriza é a sua capacidade de personalizar as palavras,
individualizar a linguagem, oferecer um caráter pessoal aos argumentos
expostos, aos discursos empreendidos e às idéias criadas com a originalidade
dos pensamentos muitas vezes sem conteúdo e sem fundamento algum, todavia que
tem na beleza da forma como se faz filosofia e na sua riiqueza de expressão a
chave de um filosofar autêntico cuja transparência é a verdade das letras
livres definidas pela sua indefinição linguística. Deste modo, surgem as
idéias, os conhecimentos se fazem e as palavras se constroem com a sabedoria de
quem transforma a liberdade da argumentação em segredo para o bom sucesso da
retórica metamorfoseada pela criatividade do filósofo. Assim as palavras brotam
com fecundidade fazendo germinar o verdadeiro sentido do filosofar propriamente
dito. Então, a filosofia se faz arte, a arte da argumentação bem feita de
princípios sólidos, fundos e fortes. Sua firmeza convive com o lado descartável
das palavras e a transitoriedade das letras. Assim se constrói um filosofar
novo e diferente.
10. Vivemos de pontos de vista
Um dos aspectos positivos da
Sofística é a viabilidade de desenvolver pontos de vista diferentes, criando-se
argumentos originais de idéias interativas e palavras que compartilham
conteúdos ricos de repertório cultural, possibilitando o intercâmbio de
pensamentos, que se relacionam produzindo cabeças boas interligadas por visões
da realidade de excelente matéria filosofática. Foi o que fizeram os Sofistas,
articuladores de pontos de vista, de onde surgiam ideologias novas e teorias
diferentes, convergentes e concordantes ainda que tendencialmente contrárias
umas às outras. No entanto, os professores Górgias e Protágoras de Abdera
possuiam a arte de filosofar com originalidade e criatividade, fazendo da
liberdade o caminho de produção de idéias interativas e de um jogo de palavras
convergentes entre si. Deste modo, o povo era convencidso de suas
intencionalidades defensoras dos interesses de grupos e autoridades que lhes
pagavam um bom capital para que eles argumentassem em favor de seus governos.
Com isso, ganhavam fama e crédito junto ao povo e aos poderes constituidos. Os
Sofistas eram mestres da persuasão positiva embora a mentira e o ceticismo
muitas vezes tomassem conta de suas retóricas descartáveis, inseguras e
inconstantes. Contudo, sua busca por uma argumentação sadia contagiou a tantos,
que abraçaram esse jeito novo de fazer filosofia. Filosofavam livremente. Daí a
crítica de Sócrates, Platão e Aristótelews e outros especialistas da arte de
filosofar.
11. Visões da realidade
diferentes e até contrárias
Entre os mestres sofistas o
jeito de argumentar variava, o modo de discursar era diverso e adverso e a maneira
de persuadir era diferente e até contrária umas às outras, fazendo de cada
sofista um verdadeiro criador de argumentos, inventor de uma lógica
incomparável, produtor de uma retórica bem articulada e elaborada, de
literatura distribuida, de conteúdo interativo, que convencia as multidões,
deixadas se levar por palavras aparentemente confiáveis, de crédito duvidoso,
de fé insegura, mas que serviam para garantir os interesses das autoridades e
governos constituidos, apologia essa que guardava as boas ou más intenções dos
mais poderosos. Deste modo, idéias valiam grandes somas de capital, discursos
eram de moeda grande, e suas orientações e advocacias sustentavam os desejos e
necessidades desses professores da Sofística. Filosofavam sim com gigantesca
sabedoria, faziam arte com as letras, enriqueciam seus discursos com
pensamentos criativos e originais, garantidores da boa persuasão e da excelente
argumentação. Sua verdade era as idéias bem produzidas e as palavras bem
articuladas. Sua preocupação era com o convencimento do povo não se importando
com o erro ou acerto do discurso e das palavras empreendidas. Queriam sim seu
objetivo: convencer as sociedades dos interesses do rei. E não é que
conseguiam!
12. Interpretar da minha maneira
Um dos caracteres fundamentais
para a compreensão e entendimento da cultura e mentalidade dos Sofistas é sem
dúvida a sua capacidade e vocação para interpretar a realidade cotidiana e
assim defender os interesses de seus financiadores e fazer a apologia de suas
intencionalidades obscuras mas que tornavam os professores da Sofística
campeões de audiência pública, famosos por suas persuasões bem articuladas e
suas argumentações muito sofisticadas, o que os transformava em mestres da
retórica convincente, que fazia a cabeça das multidões, monitorava sua
consciência em dúvida e carregava de incertezas sua inteligência aparentemente
boba e explorada pelos argumentos nem sempre bem intencionados dos docentes
sofistas, que deste modo ganhavam mais seguidores, adeptos e simpatizantes de
sua filosofia descartável, de ideologia vagante, efêmera e inconstante, de
teoria transitória e sem sustentabilidade, de letras voadoras e que viviam sem
bases fundamentais onde a linguagem tinha como princípios a abordagem instável
e uma linguística sem raizes permanentes, já que então, naquele período da
história grega antiga, séculos IV e V a.C., tudo era sem chão nem janelas, sem
portas nem teto, discursos feitos de surpresa, improvisados, e eis que de
repente surgiam as idéias, os pensamentos voavam libertados por uma
inteligência criadora de conteúdos originais, polivalentes e multifuncionais.
Assim se desenvolvia a Sofística, a Arte de Filosofar.
13. Superar desvios e aberrações
Talvez o grande pecado dos
mestres sofistas foi o de não levar um comportamento ético adequado e
desenvolver atividades de boa índole material e espiritual, preferindo quem
sabe alternativas como o desvio de atitudes, a aberração de princípios e
valores, o compromisso mais com o capital do que com a saúde mental e
emocional, a preferência por ações desviantes como defender os interesses de
governadores fazendo a cabeça do povo, advogar idéias e pensamentos
descartáveis abraçando uma lógica sem sustentabilidade psicológica e social, o
que os tornava embora “amigos da gente” pessoas sem interesse pela boa
compostura e sem a opção de buscar um bem-estar moral e religioso que fosse
satisfatório, saudável e agradável. Por isso mesmo, ainda que “os preferidos
das populações visitadas” possuissem uma conduta duvidosa, algo que os
identificava como indivíduos interesseiros sem uma desenvoltura social e
coletiva, abstraindo suas operações de pontos de vista pessoais e visões da
realidade onde o personalismo e a individuação sobressaiam mais que as
intencionalidades públicas, mesmo que lutassem por ideais que não eram os seus.
Faltou-lhes entretanto esse lado ético saudável e uma espiritualidade agradável
que os transformassem em gente transparente, identificadas com a verdade de
suas argumentações e a autenticidade de suas persuasões, ainda que sua retórica
por diversas vezes advogasse a mentira, os distúrbios de caráter e as
alterações de personalidade, já que sua defesa de aumento de impostos e
elevação de taxas e salários de funcionários custassem sim sua boa condição
ética e sua força moral diante das autoridades, financiadoras de sua profissão
discursiva. Mesmo que o erro e a falta os perseguissem em suas viagens e
locomoções pareciam pessoas bem intencionadas até verdadeiras pode ser. Gosto
dos Sofistas como cidadãos que trabalhavam para a boa filosofia embora seus
discursos por muitas vezes mantivessem a má estrutura de ação de seus
comportamentos céticos, niilistas e relativistas, e igualmente indeterministas.
Sim, estou com os Sofistas. Aprecio sua conduta amante da boa prática
filosófica.
14. Ultrapassar limites e
fronteiras
Os Sofistas de ontem e de hoje
precisam modernizar-se e aproveitar o que é bom na Sofística tradicional e
excluir de seus repertórios, matérias e conteúdos o que é ruim e pior para
todos os lados. Assim a Sofística deve se atualizar e preferir o razoável de
suas teorias e práticas e a racionalidade de suas atividades, filosofar mesmo
no bom sentido do discurso ainda que cobre financeiramente suas aulas ou ganhe
credibilidade nos seus discursos e programas de conteúdo e planejamentos de
material filosofante. Devem superar preconceitos passados, obstáculos presentes
e a insistência de barreiras em seu amanhã de manhã. Transcender a ruindade da
argumentação e a maldade da retórica. Superar paradigmas, modelos e artefatos
símbolos da perfeição filosófica. O Sofista nunca foi perfeito. Mas tudo o que
fazia levava algo de quase perfeito e absoluto em termos de filosofia.
15. Transcender a falta de ética
A Ética Sofista ainda hoje erra
por sua baixa moralidade, atitudes corruptas, a violência argumentativa, a
agressividade retórica, a agressão de seus mestres e mestras, a indiferença
antifilosófica, a incerteza das letras e palavras, a dúvida fundamentalista, o
lucro indevido e os créditos incorretos, a malandragem pedagógica, conteúdos
que vivem ao lado da falsidade e da ausência de transparência, repertórios
relativo, incertos e incorretos, textos hipócritas, a falta de verdade e a
carência de insofismalidade, tudo isso, enfim, são apelos e anseios por uma
moralidade ajuizante, de virtudes elevadas e de vícios sem raizes, que busque a
sensatez das situações e o equilíbrio das circunstâncias e o bom-senso das
coisas, um desejo de trabalho conjugado com honestidade e de atividade com
sinceridade, aspirações reais e vivas por uma ética que seja rica e grande,
gigante na sua matéria e elevada no seu discurso, vontade de acertar que
priorize as ambiências boas e razoáveis da Sofística como a sua capacidade e
poder de argumentação e de uma lógica muitas vezes longe do verdadeiro, todavia
que defende o povo e os objetivos de quase todos. Que sua finalidade seja
ajudar as populações a viverem melhor seu dia a dia de uma existência rodeada
por violência e corrupção.
e Filosofia16. Os Argumentos, um bom capital
Para os Sofistas do século IV a.C. em pleno regime pré-Pólis da constituição das Cidades Gregas como Atenas e suas circunvizinhas, as palavras valiam dinheiro e o grande capital era a medida de uma ótima defesa e apologia quando se defendiam os interesses de autoridades e governos fazendo-se uma gigantesca argumentação muitas vezes sem fundamento algum, sem princípios sustentáveis e sem raizes na própria filosofia comumente dita. Sua retórica era vazia e nadante, seus argumentos livres para "inventar" letras e discursos radicalmente inseguros, intranquilos e sem garantia alguma de base ideológica. A Sofística se desenvolvia por meio de grandes moedas, capitais e dinheiro que seguravam as idas e vindas desses Professores da Ginástica Sofística de idéias perambulantes e de teorias em movimento, articuladoras da apologia e da defesa de governos constituidos, autoridades competentes e empresários ricos capazes de oferecer garantias financeiras a esses mestres argumentadores que recebiam uma boa "grana" para advogar o aumento de impostos das Cidades, a elevação necessária do salário dos funcionários públicos, a cobrança de altas compensações econômicas pelos serviços oferecidos pelas Prefeituras e o incremento de obras financiadas pelo dinheiro dos mais poderosos. Assim, a Sofística concebia os argumentos como grandes mercadorias de troca quando então faziam intercâmbios de cultura com moedas de alto valor financeiro. Sim, a cultura e os conhecimentos valiam dinheiro. E deste modo os docentes da Sofística lucravam grandes capitais para a satisfação de seus desejos e a realização de suas necessidades. Assim cresceu esse novo modo de fazer filosofia. De letras livres, de palavras sem compromisso e de idéias mobilizantes. Eles mobilizavam as sociedades gregas.
Para os Sofistas do século IV a.C. em pleno regime pré-Pólis da constituição das Cidades Gregas como Atenas e suas circunvizinhas, as palavras valiam dinheiro e o grande capital era a medida de uma ótima defesa e apologia quando se defendiam os interesses de autoridades e governos fazendo-se uma gigantesca argumentação muitas vezes sem fundamento algum, sem princípios sustentáveis e sem raizes na própria filosofia comumente dita. Sua retórica era vazia e nadante, seus argumentos livres para "inventar" letras e discursos radicalmente inseguros, intranquilos e sem garantia alguma de base ideológica. A Sofística se desenvolvia por meio de grandes moedas, capitais e dinheiro que seguravam as idas e vindas desses Professores da Ginástica Sofística de idéias perambulantes e de teorias em movimento, articuladoras da apologia e da defesa de governos constituidos, autoridades competentes e empresários ricos capazes de oferecer garantias financeiras a esses mestres argumentadores que recebiam uma boa "grana" para advogar o aumento de impostos das Cidades, a elevação necessária do salário dos funcionários públicos, a cobrança de altas compensações econômicas pelos serviços oferecidos pelas Prefeituras e o incremento de obras financiadas pelo dinheiro dos mais poderosos. Assim, a Sofística concebia os argumentos como grandes mercadorias de troca quando então faziam intercâmbios de cultura com moedas de alto valor financeiro. Sim, a cultura e os conhecimentos valiam dinheiro. E deste modo os docentes da Sofística lucravam grandes capitais para a satisfação de seus desejos e a realização de suas necessidades. Assim cresceu esse novo modo de fazer filosofia. De letras livres, de palavras sem compromisso e de idéias mobilizantes. Eles mobilizavam as sociedades gregas.
17. Filosofia, uma Arte
Filosofia e Arte se
encontram na Sofística. Nela, os Sofistas, artistas e filósofos, fazem um jeito
novo e diferente de abordar o discurso dos amigos da sabedoria, carregando-o da
liberdade de expressão, da leveza e maciez das palavras, da doçura das idéias e
pensamentos, da suavidade de conteúdos ricos de um conhecimento plural e
variável onde o tempo e o espaço cedem seus lugares para que a arte do filósofo
se desenvolva em meio ao ceticismo de alguns, o relativismo de outros, o
niilismo de tantos e o indeterminismo de alguns poucos. Parece que os
professores Górgias e Isócrates, Protágora de Abdera, Pródico e Hípias,
Tamasico e Crítias, e Antifonte, inventam a lógica da argumentação, produzem
uma retorica descartável, sem princípios nem fundamentos, sem raizes nem bases
científicas, ignorando a estabilidade da persuasão que se transforma na
transitoriedade das letras e na instabilidade da linguagem, sustentadas por
valores filosóficos como a universalidade, a criatividade, a liberdade, a
originalidade, a particularidade, a singularidade, a simplicidade, a
luminosidade, a abertura, a novidade, a riqueza de conteúdo, a excelência de
virtudes, a beleza das formas, a grandeza do discurso, a segurança da
argumentação, a tranquilidade da retórica, o repouso da persuasão, o movimento
das idéias, a articulação lógica das palavras, letras inflamadas de pensamentos
quentes soltos pelo ar e livres para voar. Assim era a Sofística. Hoje, a filosofia
que se transforma em arte. A Arte do Discurso.
18. A Essência da Filosofia
e a Substância do Filósofo
O Coração do Filosofar
Emitir a sua opinião ou
expressar o seu ponto de vista pode ser uma realidade simples e comum de
pessoas do cotidiano ou grupos do dia a dia todavia quando realizada com
fundamento ou invocando a lógica do raciocínio ou a argumentação da retórica
enraizada ou não em fontes confiáveis ou em bases solidamente edificadas, ou em
princípios verdadeiros ou não, transparentes e autênticos e insofismáveis ou
não aí sim pode ser algo filosofal o que na verdade para muitos especialistas
ainda não é filosofia pois segundo alguns o filósofo raciocina com fundamentos
e deve sempre fundamentar a sua opinião e enraizar o seu ponto de vista, e que
seja verdadeiro como disse autêntico e lógico, fundamental e dialético,
transparente e lúcido, coerente e claro, óbvio e insofismável, sem erros de
logicidade ou faltas na sua dialeticidade, com um mínimo de fundamentação como
afirmado acima e isso realmente foi a grande crítica do passado aos verdadeiros
Sofistas que trabalhavam na verdade sem fundamentação e de maneira duvidosa e
cética, relativista e indiferencial, incerta e incorreta, indefinível e
indeterminável, individualista e impessoal – assim era a criticidade filosófica
diante da dialeticidade sofística, alguma coisa de importante para a época de
seu nascimento e interessante até os nossos dias atuais. Assim se formou e
informou até a modernidade o diferencial filosófico e o que define claramente e
conceitua obviamente o potencial sofístico e seus efeitos na lógica do
raciocínio, na dialética dos seus objetivos finais, nas suas metas racionais ou
não e resultados filosóficos ou não. Deste modo até hoje se diferencia o
filósofo do sofista, aquele que segue a verdade com fundamentos ou aquele cujo
fundamento de seu conteúdo textual ou repertório documental é baseado em mentiras
e erros ou sofismas, no ato retórico ou na linguagem discursiva ou na vontade
argumentativa. Um brilha pela ética e o outro pela ausência de moralidade. Tal
a diferença entre ambos ou quase os contrários que os cercam e envolvem em seu
entorno filosofal ou não.
ANEXO
– A
O “Ápeiron” de Anaximandro de
Mileto e a Sofística de Protágoras de Abdera – Interações Positivas
Os séculos IV, V e VI a.C.
refletem para nós um contexto filosófico e social onde os Sofistas como
Protágoras de Abdera e Górgias discutiam com os pré-socráticos e Sócrates a
possibilidade da verdade e do conhecimento, tendo a Sofística original posto em
dúvida essa viabilidade enquanto que os primeiros filósofos defendiam a
transparência do saber feito com autenticidade onde a verdade do ONTÓS
caminhava de braços dados com a verdade do LOGOS. Entre eles, Anaximandro,
discípulo de Tales, propunha o Princípio Indeterminado, o “ÁPEIRON” que, mais
tarde, fez com que alguns mestres de lógica e metafísica, relacionassem esse Princípio Indefinível com
a atividade sofista, pois em seus discursos itinerantes, argumentações vazias e
sem fundamento e retóricas transitórias e duvidosas, os Sofistas pressupunham o
Indeterminismo, o “ÁPEIRON”, como fonte de suas oratórias nadantes e de seus
pensamentos céticos e niilistas, talvez assim os tornassem creditáveis perante
o público, de confiança diante dos Chefes de Estado e de fé popular,
transformando-se então em advogados da persuasão, criadores de idéias e produtores
de palavras tontas, vacilantes e sem raizes sustentáveis. Abraçando o
“ÁPEIRON”, os Sofistas desenvolveram com seu teórico principal, Protágoras,
toda uma Antropologia Social que segundo o mestre faz do “homem, a medida de
todas as coisas”. Tal falar inconstante e instável de oratórias infundadas e
passageiras fez da Sofística a base do verdadeiro Filosofar, constituindo-se
posteriormente os bons princípios e valores da consciência humana, estáveis e
seguros, tranquilos e absolutos, orientadores da conduta humana por toda a
presente e futura jornada da humanidade. Tal a relação interativa entre o
“ÁPEIRON” e a SOFÍSTICA.
ANEXO – B
A Sofística, uma realidade
cotidiana atual
No meio dos estudantes
universitários, na luta e discussão de partidos políticos, nas políticas
públicas de Prefeituras e Órgãos do Governo, nos Simpósios e Conferências de
Empresas e Faculdades, nas salas de aula do Estado e Município, na apologia de
interesses de grupos governamentais, na defesa de intencionalidades de líderes
e dirigentes de ONGs, enfim, onde haja um discurso a fazer, um direito por
combater, um dever a cumprir, algo a ganhar, um crédito a considerar, a
presença da atividade sofista se vê insistente. Na hora do discurso ou da
argumentação persuasiva, põem-se idéias, teorias e ideologias como ferramentas
de retórica a lucrar com a manipulação das consciências alheias, o manuseio das
cabeças inocentes, a exploração da irracionalidade dos argumentos, a incerteza
das “verdades” postas para todos, as dúvidas nas palavras debatidas, o vazio
das oratórias sem fundamento, céticas e niilistas, transitórias e inconstantes,
relativas e indefinidas, nadantes e indeterminadas, sempre com o objetivo de
enganar o povo, ou obter créditos ao fazer a cabeça das pessoas. De fato, a Sofística
é real e atual. Está presente nas escolas e universidades, na política e nas
empresas, nos governos e prefeituras, como por exemplo a tentativa de aumentar
impostos, elevar taxas sociais e produzir leis e regras de conduta que quem
sabe alienam a sociedade dos verdadeiros interesses em jogo. Nem de boas
intenções vivem os cidadãos. Aberrações e corrupções estão por toda parte.
Pessoas são pagas para convencer multidões e persuadir grupos e indivíduos a
fim de sustentar intenções obscuras, aberrantes e alienantes. Sim, a Sofística
é uma realidade hoje.
ANEXO – C
O Pensamento descartável
Os Professores Sofistas e seus
discípulos, desde a Antiga Grécia até nossos dias atuais, em suas andanças e
viagens, peregrinações e locomoções, propunham um discurso itinerante quando
defendiam os interesses de governos e altas autoridades das regiões visitadas,
palavras descartáveis e idéias transitórias, uma oratória sem raizes
ideológicas, argumentos sem premissas e conclusões, um raciocínio sem fundo de
letras vacilantes, inseguras e incertas, uma retórica duvidosa e não
científica, pois cruzavam os caminhos produzindo ideologias inventadas na hora,
sem preparo programático, sem planejamento preciso, ignorando a lógica
fundamental necessária para uma conferência de princípios estáveis e valores
permanentes. Ao contrário, seus dizeres eram sem normas e fontes concisas,
palavriados soltos e feitos de surpresa, sem preparo algum mas construidos de
uma ora para outra, sem avisos pré-fabricados ou planos de futuro não consolidados.
Deste modo, surgiu uma atividade filosófica gerada com o tempo e o exercício
teórico e doutrinal de Protágoras e Górgias principalmente, articulando-se
assim então o verdadeiro filosofar de diretrizes indefiniveis e orientações
indeterminadas. Hoje, fazer filosofia é buscar essa estrada do ceticismo
ambulante, do indeterminismo processual e do niilismo mobilizador de letras,
idéias e palavras sem fundamento algum, todavia constituidores do pensar leve,
da interpretação fácil, da visão da realidade construida com inconstância e
instabilidade, porém produtores de princípios e valores mais tarde seguros,
tranquilos e permanentes, o que caracteriza bem a arte de filosofar. Portanto,
esse pensamento descartável sustentado por raizes fundas, fecundas e profundas
é propriamente a maneira correta de transformar-se idéias e conhecimentos em
teorias e práticas filosóficas. Tal o filosofar de nossa realidade moderna.
ANEXO – D
A Insofismática e a Sofística
Longe de ser um apelo ao erro, a
Sofística é a Arte do Discurso e da Persuasão enquanto tal, de conteúdos ricos
e de argumentos bem articulados, enquanto que a Insofismática é a Ciência que
busca os fundamentos da verdade e do conhecimento em geral zelando para que a
transparência das idéias e das palavras comungue com a experiência de
autenticidade da realidade cotidiana. Ambas se aproximam pela logicidade
filosófica e se distanciam porque a Ciência Insofismática enfatiza o apelo à
verdade e a Sofística cuida da essência da argumentação sem compromisso
necessário com a constituição e efeitos da verdade. A primeira pede a autêntica
mostragem e demonstração da verdade, já a segunda permanece fiel à arte da
persuasão dispensando o indispensável, que seria abraçar de todas as maneiras a
responsabilidade de fazer da verdade a lei do discurso. A Sofística é mais arte
que filosofia, visto que a Insofismática é mais ética do que ciência. Ambas
caminham juntas porém se separam quanto à possibilidade da verdade, ficando os
Sofistas apegados às normas com liberdade da substância da retórica, o que
viabiliza a ação dos Insofismáticos que se engajam na defesa e apologia da
verdade lógica e ontológica, ética e social. São convergentes mas tendem à
discordância.
ANEXO E
Seu Fundamento é a certeza
que nem sempre é a verdade
Já diz o pensamento ceticista
dos séculos antigos das cidades gregas dos pré-socráticos que “a certeza de que
nada está certo” deve perambular pelas inteligências de todos os tempos e as
racionalidades de todos os lugares do Planeta sem Razão, a fim de que todos
saibam que o pensar começa com a dúvida metódica cartesiana e deve terminar com
a verdade temporal haideggeriana em que o ser vive com o tempo entre nós e não
longe das pessoas e das sociedades, e assim deve penetrar o cotidiano da
humanidade local e gerar racionalizações sustentáveis cujos fundamentos fogem
muitas vezes ao racionalizar das coisas e ao inteligível das situações para
assim representar a coletividade baseada em “razões que a própria razão
desconhece” e em princípios quase que duvidosos e de origem incerta mas que
paradoxalmente abstraem a realidade e constituem as comunidades, grupos de
trabalho e pessoas de família. Assim a Sofística trabalhou e deve trabalhar
hoje em dia em pleno século XXI. Ou seja, reconstruindo a dúvida como princípio
de solução dos problemas sociais e regenerando as incertezas como origem das
respostas positivas ou negativas a serem produzidas. Nesse processo de dúvida
fundamental que encontra a verdade relativa da realidade se consumam os
Sofistas e definem assim o universo da Sofística como Escola sim da Verdade
todavia da verdade processual e não da verdade acabada. Pois a verdade está
sempre à margem. É processo e não conclusão.
ANEXO F
Entre diferentes e contrários,
diversos e adversos, se constrói a Filosofática igualmente um braço direito da
Sofística como o Filosofar baseado em transitórios e temporários é o braço
esquerdo da Arte de Sofisticar
A Filosofática é o discurso do
filósofo propriamente dito e se aproxima da Sofística por seu apelo à logicidade
quase perfeita, dialética de conteúdos e documentos em geral, a boa
argumentação construida sobre fundamentos ou não, a ótima retórica sob
princípios sólidos ou não ou valores permanentes ou transitórios, porém que
ressalte o discurso da opinião pessoal ou em grupo ou enfatize a cultura do
ponto de vista comunitário ou individual, não importando a temática que deve
ser baseada na diversidade cultural e assim expressar o filosofar ou o
sofisticar de acordo com a ambiência textual ou o contexto documental. No
entanto, ambos se solidarizam na lógica do raciocínio que pode ter como meta a
verdade para o filósofo ou o objetivo e resultado a mentira para o sofista. Para
alguns os dois filosofam e para muitos ambos são não só são diferentes como até
contrários. Um ao outro.
ANEXO G
As Ideias um capital financeiro,
psicológico e social, como os argumentos um sistema quase estrutural de valores
agregados, como ainda a retórica uma moeda econômica cujo fim é agradar a
sociedade e seus líderes, alegrar a comunidade e suas lideranças
Na época de seu surgimento, por
volta do século IX a.C., contratados para defender os interesses de reis e
imperadores e as intencionalidades boas ou más de governadores da república e
presidentes de nações inteiras, como o pagamento de impostos e a cobrança de
faturas e taxas de comércio e indústria e serviços profissionalizantes ou não, os
Sofistas, mestres ambulantes e professores de cidade em cidade sempre em
movimento, faziam de seu poder de argumentação e força de retórica seu capital
financeiro, psicológico e social como afirmado acima, o que contribuia para o
comércio de valores e capitais, incrementava e esquentava as relações e os
negócios, e acalorava e abrasava investimentos e empreendimentos, uma maneira
de fazer dinheiro e melhorar seu trabalho, e seus relacionamentos e condições
familiares e de sociedade, causando saúde na humanidade local, e seus
territórios globais e localidades regionais existentes naquele tempo até então.
O Comércio do saber, do poder e do fazer mexia com todos, definia
comportamentos e determinava a solidariedade de ações e a fraternidade de
atitudes voltadas para o crescimento de todos e cada um em termos materiais e
espirituais, o progresso das comunidades e a evolução de grupos e indivíduos,
desenvolvendo ora então deste modo as atividades empreendidas e os
investimentos produzidos, e como resultado a felicidade de cada qual. Tal o
lado comercial trabalhado pelos Sofistas para crescerem e subirem na vida e na
realidade cotidiana com cada sociedade a que pertenciam e frequentavam, se
inseriam e se incluiam.
ANEXO H
Não importa a verdade das coisas
e sim um bom argumento e uma ótima retórica, um excelente discurso e a grande
lógica das idéias conectadas ainda que inverdadeiras e não transparentes,
sofismáveis e não feitas de autenticidade
Buscar não a verdade mas os
interesses de superiores e nem a insofismalidade todavia o argumento preciso e
a retórica concisa tendo em vista as intenções boas ou más de seus chefes e
patrões pois assim se constituiam suas metas e objetivos finais de suas
racionalizações, logicidades e dialeticidades, trabalho que conectava ideias
com a finalidade de ganhar o crédito de governadores e a credibilidade de
imperadores, fazendo a vontade de reis e presidentes tendo em vista o bem ou
não de sociedades inteiras e seus grupos e pessoas, e consequentemente ganharem
a vida e vencerem adquirindo seu pão de cada dia, valores e capitais para suas
necessidades e desejos, anseios e aspirações, algo aparentemente honesto porém
que no fundo acontecia como garantia de enganar o povo e favorecer os ditames e
interesses dos reis, aumentando sua capitalização e enfraquecendo o poder de
aquisição das populações. Como se observa a ética não existia e a moral era
baseada na violência das palavras e agressão de ideias, a força da corrupção e
onde a mentira e o erro eram o centro de mando e comando de imperadores e a
central de chefia de governadores que em nome de seu governo contratavam os
mestres sofistas para favorecerem suas intencionalidades e interesses bons ou
maus..
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